
Em um episódio focado em periferia, conexões e cultura, recebemos Ana Alice Silva e Alexandre Nascimento, coordenadores do projeto Lei Rouanet no Observatório Ibira 30. A pesquisa revelou uma disparidade alarmante na distribuição dos valores captados pela Lei Rouanet, em São Paulo, entre os bairros centrais e de alta renda, com as periferias. Os entrevistados classificam essa concentração como um "funil de exclusão", destacando que ela reflete uma lógica sistêmica e histórica de centralização que permeia questões de classe, raça e cultura, onde a produção periférica não é devidamente valorizada. A discrepância acentua desigualdades socioespaciais, reforçando o IDHM mais baixo e a maior porcentagem de pessoas negras nas áreas com menor aporte de recursos. O principal desafio não é a aprovação dos projetos, mas sim a captação (articulação com o mercado privado), dada a distância geográfica, política e econômica entre as empresas financiadoras e as organizações periféricas. Os entrevistados destacam que para reverter essa lógica e alcançar uma distribuição equitativa, é essencial que o recurso, que é um direcionamento de imposto (um direito), seja desmistificado e que a lei seja reestruturada e ampliada. O debate é necessário, pois a cultura periférica é chave para a garantia de direitos e o desenvolvimento equitativo, fortalecendo a comunidade e impactando positivamente a saúde e o bem-estar.
Vídeo: https://youtu.be/21u8O3inpic
Ana Alice Silva e Alexandre Nascimento são coordenadores da pesquisa que analisou o acesso à distribuição dos recursos da Lei Rouanet na cidade de São Paulo, entre 2014 e 2023.
Alexandre é Cofundador do Braduca e graduado em Administração Pública pela FGV EAESP.
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